Porsche 911 Carrera GTS

Teste: Porsche 911 Carrera GTS
Esportivo alemão é civilizado na cidade e agressivo nas estradas

Em 1995, a Porsche produziu uma versão especial do 911 denominada Carrera RS, a qual eliminou algumas peculiaridades como limpador de faróis e isolamento acústico para garantir o menor peso possível. O tamanho do motor também aumentou, atingindo 3.8 litros (a versão normal tinha um 3.6 litros) com 300 cv de potência.

Houve também uma versão chamada Carrera RS Clubsport, que eliminou os tapetes, isolamento acústico, ar-condicionado e rádio para dar garantir um peso baixo. Externamente ele se diferenciava por um spoiler traseiro, saias laterais e spoiler dianteiro, que o tornava mais agressivo.

Estas duas versões são as mais procuradas por colecionadores da marca. Já o Carrera GTS, bem como o Carrera RS em seu tempo, é uma versão intermediária entre o Carrera S e os GT (GT3 e GT2, sendo este segundo o único que existia na década de 90). Isso tanto em potência, desempenho e preço.

Esteticamente, ele se difere do Carrera S pela carroceria mais larga do Carrera 4S, uma frente mais agressiva, saias laterais do GT2, escapamento esportivo, opções de rodas e cores diferentes, além de um pacote aerodinâmico opcional, o qual tem muitos elementos similares aos presentes no Carrera RS Clubsport de 1996.

Caracteristicas técnicas
Ainda que a carroceria do GTS seja a mesma do Carrera 4, a tração permanece somente nas rodas traseiras, mas com a bitola alargada para 1.548 mm, 32 mm a mais que no Carrera S.

Graças à colocação de canais no duto de admissão e melhorias na tubulação de escape, o seis cilindros boxer de 3.8 litros desenvolve 408 cv a 7.300 rpm, ante os 385 cv do Carrera S. O torque se mantém o mesmo, mas seu ponto máximo aparece 200 rpm mais cedo, para melhorar as respostas.

O carro está disponível com a transmissão manual de seis marchas ou a automatizada PDK de dupla embreagem e sete marchas. Com ela, o Carrera GTS chega aos 100 km/h em 4,4 segundos e aos 160 em 9.1 segundos. A velocidade máxima é de 304 km/h, com o modo Sport Plus selecionado através de um botão no console central.

Apesar das melhorias no motor e consequentemente no desempenho, o consumo se mantém inalterado em relação ao Carrera S e fica nos 7,65 km/l. Boa marca para um carro com tais prestações.

Interior

A mudança mais radical é a troca dos assentos comuns por bancos esportivos em concha, que se sustentam muito melhor o corpo em curvas, se tornam algo desconfortáveis para viagens mais longas. O uso de alacantara em muitas partes do interior é notável e além de conferir um ambiente mais esportivo, também é agradável à vista, já que o bom gosto predomina no interior.

Ao volante

A experiência de guiar o GTS começa logo no momento em que se insere a chave na ignição, pelo lado esquerdo do volante, marca da Porsche. A posição tem origem nas corridas de 24 horas de Le Mans, onde os pilotos corriam até seus carros para dar a partida, colocar o cinto de segurança e sair o mais rapido possível dos boxes. Com a ignição do lado esquerdo, era possível ligar o carro e engrenar a primeira marcha ao mesmo tempo, economizando preciosos segundos.

O rugido grave ao ligar o motor denuncia o poder do GTS. Na cidade, o carro é surpreendentemente civilizado, tirando os assentos esportivos e a posição mais baixa de condução. Mas o modelo realmente se destaca nas regiões com muitas curvas, e as cercanias de Palm Springs, Califórnia, onde o carro foi testado, foram perfeitas para isso.

Nos modelos com transmissão PDK, encontram-se botões que modificam a resposta do acelerador, entrega de potência e modo de operação do câmbio (Sport e Sport Plus). Neste último modo, a caixa opera da maneira mais rápida possível, trocando as marchas sempre em rotações mais elevadas e fazendo com que o tradicional som do motor boxer seja claramente audível.

A direção também se endurece conforme a velocidade aumenta, permitindo apontar a frente do carro para onde o piloto desejar. A distribuição de peso, a capacidade de tração e os freios são como em poucos carros esportivos. A Porsche talvez seja persistente em colocar o motor na parte traseira do carro por mais de 50 anos, mas em todo esse tempo não parou o desenvolvimento para melhorar o 911 e o GTS é um exemplo do sucesso da empreitada.

O PDK também pode ser operado manualmente através da alavanca no console ou por borboletas atrás do volante (a direita para trocas ascendentes e a esquerda para descendentes).

Na versão manual as trocas são rápidas e os engates curtos e somente há o botão Sport. O PDK talvez seja a opção que melhor reúne o conforto de um câmbio automático e a versatilidade de um manual. Mas o câmbio manual também não será incômodo para quem o escolher. O pedal tem peso correto e os engates são precisos.

Conclusão

As pequenas mudanças mecânicas que sofreu a versão definitivamente deixam o Carrera GTS com muita dignade e orgulho na despedida de sua atual geração. Seguramente esta é uma amostra do que se pode esperar do 991, a próxima geração do esportivo alemão famoso que chega em 2011. O Carrera GTS é uma versão de produção ilimitada, ao contrário do Speedster lançado recentemente (limitada a 356 unidades) e Classic Sport (250 produzidos) com os quais ele compartilha partes do motor.