Renovada e com motor V6, utilitário é símbolo de mudança da Jeep
A norte-americana Jeep concentrou todas as forças na nova geração de um modelo que é um clássico no segmento de utilitários esportivos.
Trata-se da quarta "evolução" da Grand Cherokee, mostrada oficialmente no Brasil durante o Salão de São Paulo, em outubro passado. Tanto empenho por parte da Chrysler, dona da marca, garantiu uma geração do SUV ianque mais espaçosa e confortável que a antecessora. A norte-americana Jeep concentrou todas as forças na nova geração de um modelo que é um clássico no segmento de utilitários esportivos.
Com a pretensão de emplacar 700 unidades até o final deste ano no Brasil, a Jeep garante que já tem 300 pedidos da Grand Cherokee. Com plataforma herdada de modelos como Mercedes-Benz ML e GL – heranças da antiga DaimlerChrysler –, o utilitário aparece nas versões Laredo e Limited, que deverão responder por 60% e 40% do share de vendas, respectivamente. O SUV tem pela frente rivais como Toyota Hilux SW4 V6, Hyundai Vera Cruz e Mitsubishi Pajero Full, oferecidos por R$ 149 mil, R$ 139 mil e R$ 169.900.
Para o embate, o maior utilitário esportivo da marca estreia a nova unidade de força Pentastar 3.6 V6 com 286 cv a 6.400 rpm. Totalmente construído em alumínio, o motor está associado a uma transmissão automática de cinco velocidades. Apesar desta "joia" sob o capô, o grande trunfo do SUV é sua vasta lista de equipamentos de conforto e de tecnologia. A configuração Laredo, avaliada chega por R$ 154.900 e conta com o sistema de tração 4X4 Quadra-Trac II – com dispositivo Select Terrain –, modos de direção esportivo e automático, controle eletrônico de estabilidade, sistema anti-rolagem da carroceria, freios ABS nas quatro rodas com detecção de pisos irregulares, partida do motor por controle remoto, além de airbags dianteiros, encostos de cabeças ativos, laterais, do tipo cortina e para os joelhos do motorista.
A nova aparência externa também comprova o cuidado da Jeep na nova geração, fabricada na planta de Detroit, nos Estados Unidos. A Grand Cherokee está bem mais agressiva e com porte robusto e integra alguns elementos estilísticos típicos da marca. A fabricante manteve a clássica grade frontal com sete aberturas, que ostenta agora um cromado brilhante. A dianteira ainda chama a atenção pelo novo conjunto ótico retangular, com faróis bixenônio de dupla parábola. O perfil musculoso da lateral se completa com as caixas de rodas trapezoidais e com as rodas de 18 polegadas. Na traseira, a faixa cromada liga as lanternas horizontalizadas que invadem as laterais e a tampa da mala.
Com 4,82 metros de comprimento, 1,93 m de largura, 1,76 m de altura e uma distância entre eixos de 2,91 m, o novo Grand Cherokee, cresceu em relação à geração anterior 5 cm em comprimento e 7,6 cm em largura. Já a distância entre eixos aumentou 13,5 cm. E quem mais lucrou com esse aumento foi o ocupante do banco traseiro, que além de um nível alto de conforto e ergonomia, que inclui a regulagem de inclinação dos encostos dos assentos. Ainda no interior, o painel frontal foi totalmente redesenhado e é composto por apenas uma peça, ou seja, não existem mais encaixes. Há ainda detalhes em madeira tingidos em preto, painel de instrumentos com iluminação em fibra ótica, bancos em couro com costura aparente. Exemplos do capricho dispensado pela montadora para seu modelo mais emblemático.
Instantâneas
# Nos Estados Unidos, a Grand Cherokee parte de US$ 30.215, cerca de R$ 50 mil, na versão Laredo 4X2. Com tração integral, a configuração sai por US$ 32.215, aproximadamente R$ 54 mil.
# A Chrysler conta com 32 revendas em todo o território brasileiro.
# A Grand Cherokee passou mais de 250 horas no túnel de vento para apurar as suas formas aerodinâmicas.
# Desde que foi lançada, em 1993, a Grand Cherokee vendeu 515 mil unidades em todo o mundo.
# Segundo a Chrysler, o interior do novo Grand Cherokee foi desenvolvido no Estúdio de Design Avançado de Interiores, nos Estados Unidos, que imprimiu ao carro um aspecto bastante luxuoso.
Ficha técnica
Jeep Grand Cherokee Laredo
Motor: Gasolina, dianteiro, longitudinal, 3.604 cm³, seis cilindros em V a 60º, quatro válvulas por cilindro e comando duplo no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio automático com cinco velocidades à frente e uma a ré com opção de mudanças manuais sequenciais atrás do volante e na manopla. Tração integral, com opção de reduzida. Controle eletrônico de tração de série com cinco configurações diferentes.
Potência máxima: 286 cv a 6.350 rpm.
Torque máximo: 35,3 kgfm a 4.300 rpm.
Diâmetro e curso: 96,0 mm x 83,0 mm. Taxa de compressão: 10,2:1.
Suspensão: Dianteira independente com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos de duplo efeito e barra estabilizadora. Traseira independente multilink, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos de duplo efeito, braço de controle inferior em alumínio, braços superiores independentes e barra estabilizadora.
Freios: Discos ventilados na frente e discos sólidos atrás. ABS com EDB de série.
Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,82 metros de comprimento, 1,94 m de largura, 1,78 m de altura e 2,91 m de distância entre-eixos. Airbags dianteiros, laterais, do tipo cortina e para joelhos do motorista.
Peso: 2.191 kg em ordem de marcha, com 758 kg de carga útil.
Capacidade do porta-malas: 782 litros.
Tanque de combustível: 93,5 litros.
Produção: Detroit, Estados Unidos.
Lançamento desta geração: Novembro de 2010.
Ponto a ponto
Desempenho – A aceleração é um dos grandes atributos da Grand Cherokee. O novo motor Pentastar 3.6 litros V6 com seus 35,3 kgfm de torque máximo e 286 cv de potência proporciona rápidas e vigorosas respostas ao pedal do acelerador. O mesmo acontece nas retomadas, sempre eficientes. Nota 8.
Estabilidade – A Grand Cherokee é um SUV bastante firme e tem a dirigibilidade como uma de suas grandes qualidades. O modelo tem performance excelente nas curvas em alta ou baixa velocidade. A comunicação rodas/volante é precisa, mesmo em altas velocidades. E o sistema de suspensão também atua com bastante eficiência, deixando o utilitário da Jeep sempre nas mãos do condutor e estável em retas. Nota 9.
Interatividade – O modelo da Jeep oferece boa dirigibilidade, com manobras tranquilas de se fazer e todos os comandos em posições de fácil acesso. Mas, com dimensões generosas peca na hora de estacionar pela ausência de um simples sensor de obstáculos, encontrado em modelos mais baratos e simples. Embora a Laredo seja a versão de entrada do SUV, é bastante completa e oferece sistemas fáceis de operar. Uma ressalva fica para o computador de bordo, que, apesar de transmitir informações de maneira clara, não tem instruções em português. De resto, a ergonomia é muito boa – com ajuste de altura do volante – manual – e do banco do motorista – elétrico. Nota 8.
Consumo – O computador de bordo do Jeep Grand Cherokee marcou uma média de 8,4 km/l na estrada. A fabricante fala em uma média de consumo de 8,8 km/l em ciclo combinado, 11,4 km/l na estrada e 6,2 km/l na cidade. Difícil de acreditar. Nota 6.
Conforto – O sistema de suspensão independente na dianteira e multilink atrás deixam o comportamento da Grand Cherokee no asfalto bastante agradável. E faz com que o utilitário da Jeep absorva bem as imperfeições do asfalto. Aliado à sensação de suavidade está o amplo espaço interno. Os 2,91 m de distância entre-eixos dão e sobram para motorista e passageiros. Os ocupantes da segunda fileira, aliás, desfrutam de um excelente vão para as pernas. E o isolamento acústico é digno de elogios. Nota 9.
Tecnologia – A tecnologia embarcada no utilitário da Jeep é de ótima qualidade. O motor Pentastar 3.6 litros V6 a gasolina é moderno e eficiente para o dia a dia. A lista de equipamentos é outro ponto positivo. Apesar de ser a versão "de entrada" no Brasil, a Grand Cherokee Laredo traz de série uma lista extremamente recheada que conta com ar-condicionado digital automático dual zone, direção eletro-hidráulica, sete airbags, assistentes de freios ABS e EBD, sistema de tração 4X4 Quadra-Trac II com o dispositivo Terrain, controle eletrônico de estabilidade, sistema anti-rolagem da carroceria, entre outros. Nota 9.
Habitabilidade – De maneira geral, os acessos na Grand Cherokee são bem razoáveis, graças às amplas portas dianteiras e traseiras. A abertura do porta-malas também tem boa amplitude. O modelo deixa apenas a desejar quando o assunto é porta-objetos – são escassos na parte da frente. Os ocupantes da segunda fileira de bancos dispõem de revisteiros, instalados nas costas dos bancos dianteiros. Nota 8.
Acabamento – Uma das grandes evoluções nesta quarta geração da Grand Cherokee é neste quesito. A Jeep incrementou o utilitário com materiais que aparentam melhor qualidade, com a tecnologia nomeada "soft-touch", couro nos bancos, volante e portas, além de detalhes em alumínio e madeira, que dão requinte ao SUV e o deixam em um patamar de acabamento superior. Nota 9.
Design – A Grand Cherokee ficou mais robusta e com aspecto agressivo com o novo visual. Os destaques na evolução do utilitário são os detalhes cromados – presente na clássica grade frontal com sete barras verticais e na barra horizontal que liga as lanternas traseiras –, e o novo conjunto ótico. Conseguiu ficar mais esportiva e jovial, sem deixar de lado a identidade da marca. Nota 8.
Custo/Benefício – A Grand Cherokee Laredo traz muitos equipamentos e tecnologias modernas, tudo de série, por R$ 154.900. Em relação aos concorrentes, disputa espaço com Hilux SW4 4.0 V6 – de 238 cv – e Vera Cruz 3.8 V6 – de 270 cv –, que saem por R$ 149 mil e R$ 139 mil, respectivamente. Mas as rivais chegam menos equipadas que a Grand Cherokee. Para se ter uma ideia, a SW4 vem apenas com airbags dianteiros e freios ABS. Já a Vera Cruz, que tem uma lista de equipamentos mais extensa, com 10 airbags, freios ABS e EBD, não dispõe de modos de condução como o utilitário da Jeep. Apesar de a Grand Cherokee ser mais "salgada" que as rivais, fica bem na frente quando o assunto é tecnologia. Nota 8.
Total – O Jeep Grand Cherokee somou 82 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Glamour sobre rodas
Angra dos Reis/RJ – Um dos principais objetivos da Jeep com a nova geração da Grand Cherokee é manter as qualidades originais dos modelos off-road da marca e agregar alta tecnologia, conforto e segurança. Parece ter conseguido. O slogan "A grandeza está em cada detalhe" veio a calhar nesta geração, já que o utilitário esportivo passou por evoluções em muitos pontos. A começar pelo motor 3.6 Pentastar, que mostrou serviço nas primeiras investidas no pedal do acelerador, despejando seus 286 cv de potência e os 35,3 kgfm de torque com agilidade.
Em conjunto com a unidade de força está o câmbio automático de cinco velocidades. Peca por ter um escalonamento aberto e se mostrar, muitas vezes, indeciso. O motorista consegue ter o "controle" nas mãos quando faz as mudanças por meio das borboletas atrás do volante. Em termos dinâmicos, a Grand Cherokee é uma grata surpresa. A "responsável" por esse bom comportamento é a nova suspensão, que prima pelo conforto e é capaz de controlar os movimentos da carroceria, além dos diversos dispositivos de segurança. O motorista consegue encontrar uma posição de condução mais adequada graças aos bancos com oito regulagens elétricas de elevação e quatro regulagens lombares.
Em um trecho "amistoso" de off-road, a Grand Cherokee mostrou sua ambivalência. O motorista aciona o sistema Selec-Terrain, escolhe a opção areia/lama e o SUV responde com valentia. Com o 4WD Low ligado, o controle de tração opera com as respostas detectadas na rotação da roda e o torque é ajustado para fornecer o desempenho necessário. A Grand Cherokee encara até passagens por pequenos córregos, enquanto motorista e passageiros permanecem em um ambiente luxuoso e desfrutam de requintes como tela de LCD, estofados em couro e bancos com aquecimento.