Hyundai ix35 - Tática de guerrilha


Teste: Hyundai ix35 - Tática de guerrilha
Com seis meses de mercado brasileiro, Hyundai ix35 já briga pela liderança dos utilitários esportivos médios “premium”

Em agosto do ano passado, a Hyundai trouxe para o Brasil a segunda geração do Tucson como um modelo de um segmento superior. Batizado de ix35, desembarcou por aqui posicionado como um utilitário médio “premium”. Já o veterano Tucson ­ em sua versão nacionalizada ­ foi deslocado para o segmento de utilitários esportivos mais despojados, dominado pelo Ford EcoSport. Embora as vendas de Tucson e ix35 somadas atinjam atualmente o que o Tucson vendia sozinho em seus tempos mais gloriosos, no início do ano passado, ambos os modelos se posicionaram de forma competitiva em seus segmentos.
O Tucson “made in Brazil” vendeu em janeiro ­ mês onde houve queda generalizada das vendas ­ o total de 1.164 unidades. E o ix35, que vem da Coreia do Sul, somou 748 emplacamentos. Tal número o coloca como um dos líderes do segmento dos utilitários esportivos médios “premium”, em briga acirrada pela vice-liderança com o Chevrolet Captiva e atrás apenas do Honda CRV.
Boa parte das vendas do ix35 são impulsionadas pelo seu visual, que combina linhas elegantes e esportivas. O ix35 foi o responsável por inaugurar a nova identidade visual da marca no Brasil, a chamada Fluidic Sculpture. Seu desenho nasceu das mãos de Tomas Bürkle, no Centro de Design da Hyundai na Alemanha, e é marcado pela dianteira com faróis finos que sobem em direção ao capô e pela grade hexagonal detalhada por um friso cromado. A tampa do motor abriga dois vincos fortes e os faróis de neblina na parte inferior do para-choque ajudam a formar a frente marcante do utilitário esportivo sul-coreano.
No perfil, são os entalhes na carroceria que chamam a atenção. Um segue a linha dos faróis e se estendendo até o meio da porta dianteira, outro fica na base das portas e um terceiro direciona os olhares para a traseira. Lá, estão mais uma vez as curvas fluidas onipresentes no carro. As lanternas vistosas, que saem da tampa do porta-malas e vão terminar na lateral, reforçam a personalidade.
 

O utilitário esportivo é vendido com um motor 2.0 16V com duplo comando de válvulas variável, capaz de gerar 168 cv de potência a 6.200 rpm e torque de 20,08 kgfm a 4.600 rotações. Já as opções de tração são duas. A 4X2 ­ que despeja a força nas rodas da frente ­ tem preço inicial de R$ 88 mil com câmbio manual. A transmissão automática de seis velocidades adiciona R$ 5 mil na conta. Com tração integral, o ix35 parte de R$ 108 mil.

A Hyundai não segmenta seus carros por versões de acabamento e sim por kits de equipamento. Mesmo a variante mais básica vem de fábrica bem equipada. Todos os ix35 contam com ar-condicionado, direção hidráulica, airbag duplo frontal, ABS, trio elétrico e rádio com comandos no volante. O ix35 básico 4X2 parte dos R$ 88 mil. A versão 4WD é disponível apenas com um kit de equipamentos que traz ar-condicionado digital, revestimento interno em couro, bancos dianteiros com ajuste elétrico, botão de partida do motor, piloto automático e sensor de estacionamento, por R$ 108 mil. A versão topo de linha ­ obrigatoriamente 4X2 ­ ainda conta com airbags laterais e de cortina, câmara traseira de ré com tela no retrovisor, teto solar panorâmico e controle de estabilidade. Com essa configuração, o ix35 chega ao seu limite de elevados R$ 115 mil.

Ponto a ponto
Desempenho - As duas toneladas do ix35 4WD não intimidam os 168 cv de potência e 20,1 kgfm de torque do motor 2.0. Segundo a Hyundai, o ix35 faz o zero a 100 km/h em 10,4 segundos e atinge a velocidade máxima de 184 km/h.  As respostas do motor são bem rentabilizadas pelo câmbio automático de seis marchas, que conta com uma providencial opção de acionamento sequencial na alavanca ­o que permite que se dirija o ix35 de modo mais esportivo. Nota 8.
Estabilidade - O utilitário esportivo da Hyundai é dinamicamente consistente. Não aderna excessivamente nas curvas e, nos trechos irregulares, mantém a sensação de controle e filtra bem os desníveis. Sempre que foi necessário frear de forma brusca, se mostrou equilibrado. E a tração integral disponível na versão 4WD testada é sempre um reforç importante nesse aspecto.Nota 8.
Interatividade - A ergonomia é correta e os comandos estão ao alcance do motorista. As regulagens de banco e volante tornam fácil uma boa posição de dirigir. A visibilidade frontal é boa, mas a retrovisão é ruim ­ a câmara de ré, de série apenas nas versões “top”, é muito bem-vinda. Já a direção é suave e precisa. O quadro de instrumentos é generoso e permite boa visualização. O computador de bordo fornece as informações mais  úteis, mas o consumo aparece em “litros por 100 quilômetros” e não no formato “quilômetros por litro”, adotado no Brasil Nota 8.
Consumo - A Hyundai fala em consumo de 11 km/l para o motor 2.0, mas o modelo avaliado obteve a média de 8,2 km/l, em percurso 2/3 urbano e 1/3 rodoviário. Nota 6.
Tecnologia - Apresentada no final de 2009, a plataforma do ix35 é moderna. O motor Thetha-II, com Dual CVVT e coletor de admissão de dois estágios, também é bem atualizado em termos tecnológicos, assim como o câmbio automático de seis velocidades. Ar-condicionado digital, computador de bordo com comandos no volante, CD player/rádio/MP3 com entrada USB e para iPod ajudam a tornar as viagens agradáveis. Nota 8.
Conforto - O habitáculo oferece espaço para todos os ocupantes. A suspensão filtra bem as eventuais irregularidades da pista. O isolamento acústico segue o padrão dos SUVs médios “top”. Um eventual terceiro passageiro no banco central traseiro até conta com apoio de cabeça, mas é obrigado a apoiar as costas sobre o console central retrátil, o que torna a viagem pouco confortável. Nota 8.
Habitabilidade - A Hyundai recheou o ix35 com alguns práticos e funcionais porta-objetos. Não faltam espaços para colocar copos, garrafas e badulaques. Os acessos ao carro são bons para um utilitário esportivo, tanto na frente quanto atrás. O porta-malas comporta 728 litros, ótimo para o segmento. Nota 9.
Acabamento - Os revestimentos internos aparentam qualidade incompatível com o preço do modelo, principalmente os plásticos do console central. Os apliques plásticos imitando alumínio espalhados pelo painel até que funcionam em termos estéticos, mas também não denotam qualidade. Nota 5.
Design - É o grande atrativo do ix35. Introdutor do novo visual da Hyundai no mundo, o utilitário esportivo sul-coreano tem um aspecto moderno e esportivo. Tem personalidade e consegue se destacar entre seus concorrentes. Nota 9.
Custo/benefício - A Hyundai não cobra barato pelo ix35: R$ 108 mil, na versão automática 4WD testada. Esse é o preço de tabela ­ os valores efetivamente praticados podem variar bastante nas concessionárias Hyundai. Valor bem elevado, mesmo em um segmento disputado por outros modelos caros, como Honda CRV e Chevrolet Captiva. A chegada do novo Kia Sportage ­ que compartilha plataforma e motorizações com o ix35 ­ tornou a disputa ainda mais dura. Nota 6.
Total - O Hyundai ix35 2.0 automático 4WD somou 75 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir
Mistura fina
O ix35 2.0 4WD é a versão que melhor traduz o espírito “utilitário esportivo” na linha do estiloso modelo sul-coreano. É agradável de dirigir e, em termos de desempenho, dá conta do recado com folgas. Nas ultrapassagens, o motor de 168 cv garante a tranquilidade do motorista. O câmbio automático de seis marchas é bem escalonado e as marchas são transmitidas sem trancos. O novo Hyundai não inclina demais nas curvas e nem “mergulha” demais nas frenagens. É um utilitário esportivo bem equilibrado e faz bela figura sempre que é exigido, tanto na estrada quanto na cidade.

Nas trilhas de terra, o ix35 encarou todas as irregularidades com destreza e equilíbrio, sem sacudir excessivamente ou perturbar os ouvidos dos passageiros. Dotada de tração integral AWD e controles de estabilidade e de tração, a versão avaliada se mostrou estável nas curvas e permitiu uma direção agressiva, sempre com boas respostas.A bordo, nada chega a desagradar. No painel de boa visualização para o motorista, uma curiosa “carenagem” envolve os mostradores de conta-giros e velocímetro, o que dificulta bastante que o “carona” consiga ver a velocidade atingida. O design do habitáculo é interessante, embora a escolha dos revestimentos internos deixe a desejar em relação à faixa de preços do modelo.

Mas o fato é que Hyundai ix35 4WD transmite ao motorista uma agradável sensação de solidez construtiva, bem adequada à proposta dos utilitários esportivos. E com um estilo que atrai muito a atenção nas ruas onde passa. Com um detalhe importante ­ seu design tem inegável personalidade. Uma virtude cada vez mais rara na maioria dos recentes projetos automotivos, que parecem todos saídos da mesma prancheta.

Ficha técnica

Hyundai ix35 2.0 16V automático 4WD.

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.998 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando no cabeçote e comando variável de válvulas na admissão e no escape. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático com seis marchas à frente e uma a ré e opção de mudanças sequenciais manuais. Tração integral, controle eletrônico de estabilidade e de tração são de série nas versões “top”.
Potência máxima: 168 cv a 6.200 rpm.
Torque máximo: 20,1 kgfm a 4.600 rpm.
Diâmetro e curso: 86,0 mm X 86,0 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais e amortecedores pressurizados a gás de dupla ação. Traseira independente em braços múltiplos, com molas helicoidais e amortecedores pressurizados a gás de dupla ação. Controle eletrônico de estabilidade é de série apenas nas versões “top”.
Freios: Discos ventilados na frente e discos sólidos atrás. ABS, EBD e assistente de frenagem de emergência.
Pneus: 225/55 R18 em rodas de liga leve.
Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. 4,41 metros de comprimento, 1,84 metro de largura, 1,65 metro de altura e 2,64 metros de distância entre-eixos. Airbags frontais de série. Laterais dianteiros e do tipo cortina são de série nas versões “top”.
Peso: 1.980 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 728 litros/2.885 litros com o banco traseiro rebatido.
Capacidade do tanque de combustível: 55 litros.
Produção: Coreia do Sul.
Lançamento mundial: 2009. Lançamento no Brasil: 2010.